1. ArchDaily
  2. Francesco Perrotta-Bosch

Francesco Perrotta-Bosch: O mais recente de arquitetura e notícia

Lina Bo Bardi ganha nova biografia com lançamento em maio

Poucas figuras públicas foram mais brasileiras do que a arquiteta italiana Lina Bo Bardi. Chegando ao Brasil logo após a Segunda Guerra, ela se afeiçoou à cultura brasileira de tal maneira que se tornou uma de suas principais intérpretes, capaz de uma leitura das tradições locais ao mesmo tempo rigorosa e abrangente.

Crítico de arquitetura e ensaísta, Francesco Perrotta-Bosch examina a trajetória dessa artista brilhante à luz da seguinte questão: como uma estrangeira foi capaz de enxergar tanto de um país que não era o seu, a ponto de traduzi-lo para os próprios brasileiros?

"Eu vi um Brasil na TV" com Jô Vasconcellos, Gustavo Penna e Francesco Perrotta-Bosch

"Eu vi um Brasil na TV" com Jô Vasconcellos, Gustavo Penna e Francesco Perrotta-Bosch - Image 1 of 4

"Eu vi um Brasil na TV" foi o tema do debate que no dia 8 de novembro de 2018, reuniu um conjunto de arquitetos participantes na Exposição "Infinito Vão - 90 Anos de Arquitetura Brasileira" no Instituto Moreira Salles, em São Paulo.

Jogos Olímpicos 2016: Dois legados para o Rio

Há pouco mais de uma semana chegaram ao fim os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, maior evento esportivo mundial – comparado à Copa do Mundo da FIFA – e força motriz da cidade maravilhosa nos últimos seis anos e meio. Na esteira do furor causado pelo aguardado evento, teremos as Paralimpíadas, que acontecerão entre 7 e 18 de setembro, também no Rio. Mas e depois?

Não é de hoje que a palavra “legado” é associada a eventos mundiais de grande porte – notadamente as Olimpíadas e a Copa – e já vimos esse tema ser tratado à exaustão nos últimos anos, ponderando os resultados para as cidades sedes após os Jogos de Barcelona (1992), Atenas (2004), Pequim (2008) e Londres (2012). Essencialmente, a questão gira em torno de algumas perguntas fundamentais: Quem são os maiores beneficiados com o “legado” dos Jogos Olímpicos?; Os enormes investimentos públicos valeram?; Haverá alguma melhoria para a população em geral? Os equipamentos construídos poderão ser adaptados para o uso cotidiano?

O tempo de Lina. O tempo de Vasari. / Francesco Perrotta-Bosch

Por mais que seu cartão informasse lina bo architetto, as questões de que Lina Bo Bardi (1914-1992) se ocupava não estavam restritas à prancheta. Arquitetura fazia parte de um sistema cultural mais amplo, e sua atuação perpassava o desenho industrial, a escrita, a edição, a cenografia, a expografia. Por sua vez, o proeminente renascentista Giorgio Vasari (1511-1574) também se encaixa no rol de figuras da história singulares, por meio de uma atuação em distintas frentes: pintor, arquiteto, escritor e historiador. Ambos se notabilizam por suas noções de tempo e história. Estas, de certo modo, materializam-se no modo como os objetos de arte são (ou foram) apresentados ao público em museus com os quais têm direta relação autoral.