10 razões para desenhar cidades pensando nas comunidades

A influência do desenho urbano na ocupação dos espaços públicos e as interações sociais é um tema cada vez mais relevante para direcionar as cidades à habitabilidade.

Nesta matéria, destaca-se o escritório Gehl, que desde o ano 2000 se dedica a esta tarefa usando um foco centrado nas pessoas. Desde então, seus fundadores, os arquitetos Jan Gehl e Helle Søholt, compartilharam sua experiência em ideias que procuram centrar o desenho nas pessoas.

A organização sem fins lucrativos, Project for Public Spaces (PPS) é outra que compartilha propostas para melhorar os espaços públicos desde a lógica do Placemaking, ou seja, com a participação de quem os ocupa frequentemente.

Agora queremos mostrar 10 ideias elaboradas por Robert Steuteville do Congresso para o Novo Urbanismo, uma ONG que procura ajudar na construção de entornos urbanos que sejam autênticos, caminháveis, bem desenhados e vibrantes.

1. Pela liberdade e escolha de mobilidade

A comunidades necessitam de lugares de encontro que, por sua vez, são mais atrativos na medida em que for possível visitá-los em mais de uma opção de meio de transporte. Por este motivo, em sua maioria estão localizados em áreas transitáveis até onde se pode chegar a pé, em bicicleta, em transporte público ou em sistemas públicos compartilhados (automóveis e bicicletas) e não unicamente com carro. 

Ao contrário disso, aqueles lugares que procuram reunir as pessoas, mas somente é possível chegar até eles em automóvel, acabam por não cumprir com sua função.

2. Para apoiar a interação social

Dependendo das características de um lugar é possível reconhecer se facilita ou restringe as conversas entre os que estão ali. Ou se oferece uma experiência sensorial agradável. Ou inclusive se possui espaços que permitam observa os outros, tal como afirma Gehl.

Entretanto, a proposta de Steuteville surge a partir de como o desenvolvimento urbano separou as atividades dos habitantes através da políticas do solo, sendo que se as políticas permitissem manter próximos os usos residencias, seria possível reduzir o isolamento social. 

3. Para os grandes espaços públicos

Os espaços públicos são lugares de compartilhamento por excelência. Entretanto, Steuteville afirma que para que isso seja possível é necessário 'ativar' o lugar com quem vive e trabalha próximo a ele, algo que retoma o modelo de bairro.

4. Para ter oportunidades de vida saúdavel

Ter a oportunidade de viver em um bairro que seja transitável oferece muitos benefícios. Um deles é que os deslocamentos diários podem ser feitos a pé, em bicicleta ou em transporte público e não necessariamente em automóvel. Outro é que conta com espaços onde é possível realizar uma atividade física sem ter que recorrer a uma academia. 

5. Para reduzir o custo de vida

Steuteville elaborou um índice de Moradia e Transporte (V + T) no qual analisou os gastos nestas áreas realizados em cidades estadunidenses. Nas 25 cidades com mais dispersão urbana os gastos representam 49,9% da renda média, enquanto nas outras 25 cidades a média era de 40%.

Com isso, Steuteville demostra que os habitantes das cidades mais dispersas gastam mais em transporte porque seus deslocamentos devem ser feitos principalmente em automóvel, meio de transporte que, em média, requer mais de 9 mil dólares por ano.

6. Para proteger o meio ambiente

Quando as cidades possuem bairros com estações de transporte público que estão rodeadas por moradias, empregos e serviços se diz que ela possui um Desenvolvimento Orientado ao Transporte (DOT).

Os benefícios desta estratégia de desenho são numerosos, entre eles estão a diminuição dos deslocamentos, a mistura no uso do solo e os deslocamentos que podem ser feitos em meios de transporte sustentáveis. 

Este último é o qual Steuteville enfatiza porque ele destaca o fato de que os bairros que possuem este desenho geram menos emissões contaminantes, independente da quantidade de pessoas que integram as famílias. 

7. Para construir a base tributária de longa duração

Uma pesquisa realizada por Urban Three comparou os setores produtivos de cidades estadunidenses e obteve que os mais produtivos são aqueles que combinam os bairros com os centros urbanos mistos.

8. Para reduzir os gastos com infraestrutura

Durante a era de expansão das cidades foi muito comum que se instalasse cada vez mais infraestrutura para satisfazer rapidamente as diferentes necessidades da população, entretanto, em muitos casos era ineficiente. 

A este gasto econômico somaria-se um segundo que está relacionado com a manutenção desta infraestrutura. Diante disso, Setuteville afirma que as cidades compactas não são afetadas por estes gastos em tão pouco tempo. 

9. Para diminuir as mortes no trânsito

Um estudo realizado pela Universidade de Connecticut analisou as taxas de acidentes de transito em automóvel ocorridos em 24 cidades do Estado da Califórnia, sendo 12 delas construídas antes de 1950 e as outras 12 depois. 

A diferença entre ambas taxas era que as primeiras apresentavam um número muito menor que um terço das segundas.

10. Para que sua comunidade seja única

A revitalização de avenidas e ruas através do uso do solo misto e do placemarking não produz somente um melhoramento do espaço, mas também da comunidade. Em termos econômicos, isto se torna um fator atrativo para os investidores.

Sobre este autor
Cita: Gaete, Constanza Martínez. "10 razões para desenhar cidades pensando nas comunidades" [10 razones para diseñar las ciudades pensando en las comunidades] 20 Fev 2017. ArchDaily Brasil. (Trad. Sbeghen Ghisleni, Camila) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/805298/10-razoes-para-desenhar-cidades-pensando-nas-comunidades> ISSN 0719-8906

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