Casa de Chá da Boa Nova, de Álvaro Siza Vieira, pelas lentes de Fernando Guerra

Apresentamos hoje uma sessão de fotos de Fernando Guerra (Últimas Reportagens) do projeto da Casa de Chá da Boa Nova, de Álvaro Siza Vieira, concluído no ano de 1963, uma das primeiras obras do arquiteto português vencedor do Pritzker de 1992. Construída sobre as rochas que avançam sobre o mar em Boa Nova, Leça da Palmeira, está muito próxima de outro projeto icônico do mesmo autor, as Piscinas de Marés, ambas classificadas como Monumentos Nacionais de Portugal.

O projeto decorreu de um concurso organizado pela Câmara de Matosinhos, em 1958, vencido pelo arquiteto Fernando Távora, que acabou entregando o projeto ao seu jovem colaborador, Álvaro Siza, com 25 anos na época. 

Casa de Chá da Boa Nova, de Álvaro Siza Vieira, pelas lentes de Fernando Guerra - Imagem 14 de 27
© Fernando Guerra | FG+SG

Afastado da avenida central, o edifício é acessado desde o pátio de estacionamento, que dista cerca de 300 metros da mesma. Através de um arranjo de lajes e degraus integrados às rochas, o arquiteto constrói o trajeto do visitante revelando e ocultando a paisagem marítima, através de perspectivas dramáticas cuidadosamente concebidas. O trajeto culmina na entrada da Casa de Chá, onde o beiral baixo do telhado direciona o olhar do visitante ao mar.

Casa de Chá da Boa Nova, de Álvaro Siza Vieira, pelas lentes de Fernando Guerra - Imagem 2 de 27
© Fernando Guerra | FG+SG

No interior do edifício, é notável a preocupação de inserir as aberturas, minuciosamente estudadas, para emoldurar a paisagem local como grandes quadros vivos. Essa forte relação entre interior e exterior é bastante marcante no projeto, reforçada com grandes panos de vidro com total abertura, que confundem os limites entre o construído e o natural. 

Casa de Chá da Boa Nova, de Álvaro Siza Vieira, pelas lentes de Fernando Guerra - Imagem 25 de 27
© Fernando Guerra | FG+SG
Casa de Chá da Boa Nova, de Álvaro Siza Vieira, pelas lentes de Fernando Guerra - Imagem 26 de 27
© Fernando Guerra | FG+SG

Vê-se também que, através de sua materialidade, ao mesmo tempo que se mescla, o edifício impõe-se na paisagem. Enquanto as paredes em concreto carregam uma cor muito semelhante às rochas, o telhado -uma laje de concreto com telhas romanas vermelhas sobrepostas- e os volumes verticais pintados em branco impactam visualmente no contexto, mas conectam-se claramente às outras edificações portuguesas. Internamente, a presença marcante da madeira, nos pisos, paredes e tetos, confere um aconchego à edificação e evidencia o fascínio de Siza por Alvar Aalto, sobretudo nos detalhes.  

Casa de Chá da Boa Nova, de Álvaro Siza Vieira, pelas lentes de Fernando Guerra - Imagem 19 de 27
© Fernando Guerra | FG+SG

Em 2014 o edifício foi reaberto, após vários anos em estado de ruína por conta da falta de manutenção, da ação implacável do tempo, dos intensos ventos e da maresia. A reforma foi conduzida pelo próprio autor do projeto, em que se recuperou a cobertura, as esquadrias, os detalhes construtivos e, inclusive, reproduziram-se os mobiliários segundo os desenhos e especificações originais. Atualmente a edificação funciona como um restaurante.

Casa de Chá da Boa Nova, de Álvaro Siza Vieira, pelas lentes de Fernando Guerra - Imagem 27 de 27
© Fernando Guerra | FG+SG

Conheça mais detalhes sobre a obra aqui:

Clássicos da Arquitetura: Casa de Chá Boa Nova / Álvaro Siza

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Sobre este autor
Cita: Eduardo Souza. "Casa de Chá da Boa Nova, de Álvaro Siza Vieira, pelas lentes de Fernando Guerra" 20 Jan 2017. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/803709/casa-de-cha-da-boa-nova-de-alvaro-siza-vieira-nas-lentes-de-fernando-guerra> ISSN 0719-8906

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