6 patrimônios históricos inusitados de São Paulo tombados pelo Condephaat

O Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo) é o órgão responsável por proteger, valorizar e divulgar o patrimônio cultural no Estado de São Paulo. O tombamento de patrimônios vai além da proteção de imóveis: diversos locais podem ser tombados de modo a preservar parte da memória e história de municípios, além da trajetória da população do estado.

Confira alguns patrimônios inusitados tombados pelo Condephaat:

1. Cratera de Colônia (Parelheiros, São Paulo)

A Cratera de Colônia, localizada no extremo sul do município de São Paulo, foi descoberta acidentalmente em 1961, a partir de fotos aéreas. Com idade estimada de 36 milhões de anos pelos cientistas, possui formato circular, envolto por um anel externo de relevo colinoso que se eleva até 125 m da planície central pantanosa em uma superfície com 3,64 km de diâmetro. Embora ainda não tenham sido encontradas evidências conclusivas sobre a sua origem, desde os primeiros estudos foi caracterizada como um astroblema (cicatriz produzida na crosta terrestre pela queda de um meteorito gigante ou cometa). Entre outros valores significativos atribuídos à cratera, além do científico, pode-se citar a presença de cobertura vegetal de floresta úmida (arbórea nativa densa) e o fato da Cratera estar inserida em área de proteção de recursos hídricos da região metropolitana de São Paulo.

Cratera de Colônia (Parelheiros, São Paulo). Imagem via Condephaat

É possível visitar a cratera por meio de transporte público. Partindo do terminal Grajaú, pegue o ônibus Vargem Grande (6093-10) e desça na Avenida das Palmeiras, altura do número 75. O trajeto é estimado em uma hora, confira https://goo.gl/632PrW

Cratera de Colônia (Parelheiros, São Paulo). Imagem via Condephaat

2. Samba paulista como Patrimônio Imaterial

O Samba Paulista é o primeiro patrimônio imaterial do Estado de São Paulo, oficialmente reconhecido pelo o Condephaat. O Conselho do órgão entendeu que o Samba Paulista é uma pratica cultural a ser preservada e que possui características históricas, culturais e políticas, bem como especificidades paulistas.  O registro é uma maneira salvaguardar o desejo de uma comunidade em manter viva uma tradição, que pode vir a sofrer mudanças com o tempo.  Outras práticas culturais do Estado também estão em estudo, como a Congada, o Virado Paulista, a Festa do Bom Jesus do Iguape e o Caminho dos Romeiros, além da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.

3. Sino que anunciou a Independência do Brasil (Largo Padre Péricles, Perdizes, São Paulo)

O sino pertence à Igreja de São Geraldo e encontra-se instalado em  sua torre. É denominado Bronze Velho, desde os tempos em que pertenceu à antiga Catedral da Sé. Em 1913, com a demolição da catedral, foi transferido para o Mosteiro da Luz e, em junho de 1942, doado à Igreja de São Geraldo. Fundido em bronze misturado a 18 kg de ouro, com uma altura de 1,75 m por 1,70 m de diâmetro, o sino pesa 2.250 kg. Foi fundido por Francisco Chagas Sampaio em 1820. No sino estão gravados o nome do autor, as armas do Reino de Portugal e trecho do salmo 150.

Sino que anunciou a Independência do Brasil (Largo Padre Péricles, Perdizes, São Paulo). Imagem via paroquiadapiedade.com.br

Para chegar ao Largo Padre Péricles, pegue a linha 3 – Vermelha do metrô e desça na Estação Palmeiras-Barra Funda. É possível seguir a pé a partir da estação. Confira o trajeto em https://goo.gl/srZqma.

Sino que anunciou a Independência do Brasil (Largo Padre Péricles, Perdizes, São Paulo). Imagem via paroquiadapiedade.com.br

4. Terreiro "Axé Ilé Obá" (Jabaquara, São Paulo)

O tombamento do terreiro "Axé Ilé Obá" buscou valorizar a importância de religiões de origem negra para a formação da identidade cultural brasileira. A criação do local data dadécada de 1950, quando Caio Egydio de Souza Aranha fundou o Centro de Congregação Espírita Pai Jerônimo, no Brás. Por questões de saúde interrompeu suas atividades, retomadas na década seguinte, no Jabaquara. Neste novo terreiro, dedicou-se ao ritual caboclo, característico da Umbanda, e ao Candomblé, cuja iniciação aconteceu no terreiro Engenho Velho, Aché de Tia Aninha, renomada Ialorixá da Bahia.

Na década de 1970, com um número muito grande de adeptos, pai Caio resolveu ampliar suas instalações construindo, com fundos arrecadados pela comunidade, uma ampla sede para a sua congregação, inaugurada em 1977. O Terreiro de Axé Ilé Obá está instalado em uma área de 400 m², com espaços individuais reservados a cada Orixá, ou famílias de Orixás, um barracão comum para cerimônias privadas e festas públicas, além de salas de serviços ligadas ao culto.

Confira a programação de festas, cultos e atividades do terreiro no site do local: http://www.axeileoba.com.br/

5. Obras de arte - Pintores José Ferraz de Almeida Júnior e Benedito Calixto de Jesus – Pinacoteca (São Paulo), Museu do Café (Santos), Museu de Arte de São Paulo, Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro)

José Ferraz de Almeida Júnior nasceu em Itu, no ano de 1850, e faleceu aos 49 anos, em Piracicaba. Ingressou em 1869 na Academia de Belas Artes do Rio de Janeiro. Entre 1876 e 1882 morou em Paris, auxiliado pelo Imperador D. Pedro II.

Benedito Calixto (1853-1927) nasceu em Itanhaém e, ao final de sua adolescência, mudou-se para Brotas. Aos 28 anos de idade realizou a sua primeira exposição em São Paulo. Transferiu-se para Santos e, através de um dos seus trabalhos, atraiu a atenção do visconde de Vergueiro, que o encaminhou para estudar na Europa. De volta ao Brasil em 1884, além da pintura, trabalhou como professor e desenvolveu alguns trabalhos como historiador.

As obras de ambos os artistas retrataram temas ligados à cultura regional paulista, paisagens urbanas e rurais e cenas históricas, o que fortalece a necessidade de preservação. Confira detalhes do acervos nos sites dos museus:

6. Ilhas, ilhotas e lajes do litoral paulista (Bertioga, Caraguatatuba, Itanhaém, Santos, São Sebastião e Ubatuba)

Ilhas, ilhotas e lajes do litoral paulista. Imagem via cidadeecultura.com

O litoral paulista possui um grande número de ilhas, ilhotas e lajes que formam um belo conjunto cênico-paisagístico. A preservação desses ecossistemas é justificada pelas condições ambientais específicas que necessitam de ação preservacionista e por ainda se manterem íntegras com poucas intervenções humanas. O tombamento incidiu sobre 10 ilhas, Ilhas da Pedra, Redonda, Pequena, Ponta, Ponta da Aldeia, Peruibe, Boquete, As Ilhas, Palmas e Negro; 7 ilhotas (Ilhotas do Sul, Massaguaçu, Ponta do Baleeiro, Itassussé, Juqueí, Ponta do Itapuã e Boquete e 12 lajes (Lajes Pequena, Feia, Grande Dentro, Grande do Perequê, Palmas, Moleques, Apara, Laje, Ponta Itaipu, Paranapuã e Noite Escura).

Via Condephaat

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Sobre este autor
Cita: Romullo Baratto. "6 patrimônios históricos inusitados de São Paulo tombados pelo Condephaat " 17 Set 2016. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/795452/6-patrimonios-historicos-inusitados-de-sao-paulo-tombados-pelo-condephaat> ISSN 0719-8906

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