Curadores revelam o tema do Pavilhão Báltico na Bienal de Veneza de 2016

O Pavilhão Báltico da Bienal de Veneza de 2016, representando a Estônia, Letônia e Lituânia, explorará os "esforços transformativos em andamento" que estão atualmente "reprogramando uma região inerte além das delimitações dos Estados-nação separados". Isso "pretende explorar o entorno edificado dos Estados Bálticos como um espaço compartilhado de ideias". Localizado no Palasport Arsenale Giobatta Gianquinto, projetado por Enrichetto Capuzzo, um pavilhão desportivo de arquitetura brutalista, situado perto do Arsenale, a exposição será também acompanhada por uma série de eventos correlatos que será apresentada através de um corte transversal do espaço Báltico, desdobrando-se com uma "estratégia não-linear".

Local do evento: Palasport Arsenale Giobatta Gianquinto. Cortesia de Bing Maps

De acordo com os curadores — Kārlis Bērziņš, Jurga Daubaraitė, Petras Išora, Ona Lozuraitytė, Niklāvs Paegle, Dagnija Smilga, Johan Tali, Laila Zariņa, e Jonas Žukauskas — "geopolíticas urbanísticas recentes dos Estados Bálticos têm criado um senso de urgência na iniciação de novas práticas espaciais que unam a região e sustentem os fundamentos da União Europeia". Novas conexões de infraestrutura no Mar Báltico, bem como a 'Independência FSRU', o navio de armazém de gás natural em Klaipėda e a 'Ferrovia Báltica', projeto da estrada de ferro pan-Báltica são alguns dos diversos exemplos deste novo tipo de arquitetura.

Trilho Futuro da Ferrovia Báltica – Riga, 2015. Imagem © David Grandorge

O Pavilhão Báltico tentará desemaranhar os acordos e instrumentos operados por uma ampla gama de práticas espaciais, indústrias e infraestruturas que transformam intensamente o entorno edificado dos três Estados Bálticos e uma região mais vasta. Sem se distinguir entre ideias abstratas e suas projeções materiais, a exposição procurará destilar os parâmetros e pensar em estruturas que permitam a formulação de intervenções espaciais para reconfigurar o entorno edificado inerte.

Planta Desarranjada da Unidade 1 do Reator de Energia Nuclear de Ignalina, 2015. Imagem © David Grandorge

Declaração Curatorial

Há esforços transformativos em andamento que estão reprogramando uma região inerte além das delimitações dos Estado-nação separados. O Pavilhão Báltico pretende explorar o entorno edificado dos Estados Bálticos separados como um espaço de compartilhamento de ideias. Essa exposição e uma série de eventos correlatos serão apresentadas por um corte transversal sobre o espaço Báltico. Sob a luz do Antropoceno, uma nova época geológica, as evoluções nesta região se revelarão como uma estratigrafia não-linear.

Esforços Transformadores

Geopolíticas urbanísticas recentes dos Estados Bálticos têm criado um senso de urgência na iniciação de novas práticas espaciais que unam a região e sustentem os fundamentos da União Europeia. Novas conexões de infraestrutura no Mar Báltico, bem como a 'Independência FSRU', o navio de armazém de gás natural em Klaipėda e a 'Ferrovia Báltica', projeto da estrada de ferro pan-Báltica são alguns dos diversos exemplos deste novo tipo de arquitetura.

O Pavilhão Báltico tentará desemaranhar os acordos e instrumentos operados por uma ampla gama de práticas espaciais, indústrias e infraestruturas que transformam intensamente o entorno edificado dos três Estados Bálticos e uma região mais vasta. Sem se distinguir entre ideias abstratas e suas projeções materiais, a exposição procurará destilar os parâmetros e pensar em estruturas que permitam a formulação de intervenções espaciais para reconfigurar o entorno edificado inerte.

Inércia

Alguns elementos deste entorno edificado estão inertes demais para serem completamente reestruturados de uma só vez - as infraestruturas, cidades e meios de transporte funcionam, porém demandam simultaneamente certas práticas para, pelo menos, mantê-las em condições estáveis. Ao mesmo tempo estas mesmas estruturas também determinam possibilidades futuras. O Pavilhão Báltico está interessado na ecologia das práticas que inscrevem novas políticas em conjuntos de materiais existentes através de procedimentos, bem como adição, transição, tradução, integração e assimilação - fazendo uso do que já está sendo feito.

Realia

Realia poderia ser entendido como um objeto material particular ou ideia - linguistas usam este termo para enfatizar estruturas incapazes de serem traduzidas de uma língua para outra. A interseção entre, de um lado, estruturas de poder, ideologias e resistências e, do outro, o conjunto de entes resulta em realias como respostas autênticas aos parâmetros materiais específicos. Esse projeto propõe a leitura de intervenções espaciais como realia - formada em relação com um lugar. 

Região

O denominador comum para a equipe internacional trabalhando no Pavilhão Báltico é uma relação específica para com a região Báltica como ponto de partida de investigação - é uma tentativa de rearticular arquitetura enquanto resposta para a lógica de um lugar em particular. Estônia, Letônia e Lituânia compartilham processos em comum sobre transformações políticas, econômicas, culturais e de infraestrutura - do planejamento central da União Soviética à atual 'governabilidade' da União Europeia.

Talvez haja duas razões para o fenômeno da instabilidade sobre a definição de países bálticos - de fora é claramente dito como uma região, enquanto de dentro é frequentemente entendido como três buscas distintas de identidade. Por isso, o projeto é uma tentativa de vincular os conceitos contrastantes, enquanto analisa-se a condição de integridade dos Estados Bálticos através de relações com um contexto mais amplo.

Antropoceno

O projeto possui uma abordagem geológica - compreende a fatores que compõe essa paisagem planificada como uma pilha de camadas estratigráficas. O espaço artificial é entendido como um processo sedimentar e as infraestruturas, assim como os recursos minerais, são avaliadas como a chave para parâmetros que definem uma evolução. A exposição do Pavilhão Báltico funciona como uma seção interligada pelo atual emaranhado de identidades, práticas espaciais, infraestruturas e recursos geológicos.

Horizonte

A exposição irá apresentar um horizonte de artefatos - um campo que possa ser observado como uma versão do que se está sendo feito - uma imagem de realias e suas ligações. O percurso da exposição irá propor leituras articuladas dos artefatos, enquanto, ao mesmo tempo, abre-se novas interpretações. Diversas representações de realias serão associadas de um gradiente de imagens subjetivas, artísticas, a imagens diagramáticas, operativas. O pavilhão apresentará uma instalação conectando o horizonte de artefatos à narrativas particulares.

Exemplo de um Percurso

Sobre a entrada do pavilhão os visitantes encontrarão fotografias de fotógrafos que viajaram pela região báltica no começo da primavera de 2015 para subjetivamente  emoldurar as confluências entre indústrias, paisagens artificias e os fluxos de recursos e resíduos industriais.

Nós então nos viramos em direção a imagens precisas operativas que as indústrias usam como parte de suas operações. Ao adentrar a área que apresenta artefatos debatendo sobre energia nuclear e suas relações a consensos cívicos de demolição de uma central nuclear, a decisão favoreceu o processo de integração europeia.

Ao traçar uma função de mudança das instituições de pesquisa geológica em relação a recursos minerais, vê-se como estratigrafias particulares e tecnologias de extração mineral são opostas ao movimentos cívicos.

Circula-se ao redor de maquetes de um único navio que capacita grandes movimentos e redes de fornecimento de energia inertes, enquanto se reduz contas de energia individuais. O edifício são apresentados como estudos de caso articulando fluxos complexos de recursos requeridos a manter o status - entendê-los não como produtos finais únicos, mas roteiros inertes e espaciais.

Palasport (Arsenale) Giobatta Gianquinto

O Pavilhão Báltico irá habitar o Palasport Arsenale, Giobatta Gianquinto – um centro desportivo de arquitetura brutalista localizado perto do principal pavimento de exposições do Arsenal. A alta parede de concreto, feita in locu, apresentando um deslocamento de um perímetro vertical, providencia uma praça escalonada - uma compensação em um tecido da cidade histórica. Projetada por Enrichetto Capuzzo, a edificação é efetivamente usada pela comunidade veneziana para atividades esportivas desde os anos de 1970. O Pavilhão Báltico abre suas portas para visitantes nas Exibições de Arquitetura Internacional pela primeira vez.

Sobre este autor
Cita: Taylor-Foster, James. "Curadores revelam o tema do Pavilhão Báltico na Bienal de Veneza de 2016" [Curators Reveal Theme for Inaugural Baltic Pavilion at 2016 Venice Biennale] 13 Mar 2016. ArchDaily Brasil. (Trad. Ferber, Amanda) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/783716/curadores-revelam-o-tema-para-o-pavilhao-baltico-inaugural-da-bienal-de-veneza-de-2016> ISSN 0719-8906

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