Terceiro Lugar no Concurso Operação Urbana Consorciada Água Branca / DMDV arquitetos + 23 SUL Arquitetura + Rossi Barbosa Arquitetos Associados

  • Arquitetos

    DMDV arquitetos, 23 SUL Arquitetura, Rossi Barbosa Arquitetos Associados
  • Localização

    Água Branca - Água Branca, São Paulo - SP, Brasil
  • Autores (AUM)

    Renato Dalla Marta, André Dantas, Bruno Vitorino e Victor Vernaglia
  • Autores (23 SUL Arquitetura)

    André Sant’Anna da Silva, Gabriel Manzi, Ivo Magaldi, Lucas Girard, Luiz Florence, Moreno Zaidan Garcia, Tiago Oakley, Mario do Val e Anelise Guarnieri
  • Autores (Rossi Barbosa)

    Marcia Rossi, Paulo Barbosa
  • Colaboradores (23 SUL Arquitetura)

    João Miguel Silva, Alexandre Guerreiro, Carmem Aires, Lucas Menezes de Souza e Pedro Giunti
  • Colaboradora (Rossi Barbosa)

    Joana Mello
  • Geotécnica

    Eduardo do Val
  • Mobilidade urbana

    Arlindo Fernandes
  • Paisagismo

    Oscar Bressane
  • Infraestrutura urbana

    Valburg de Sousa Santos
  • Fotografias

    Cortesia de DMDV arquitetos + 23 SUL + Rossi Barbosa

Apresentamos a seguir o projeto premiado com o terceiro lugar no concurso para a Operação Urbana Consorciada Água Branca, de autoria dos escritórios AUM Arquitetos, 23 SUL Arquitetura e Rossi Barbosa Arquitetos Associados. O concurso teve abrangência nacional e foi promovido pelo São Paulo Urbanismo – SP Urbanismo e o Departamento de São Paulo do Instituto de Arquitetos do Brasil – IAB-SP.

Dos arquitetos: A gleba objeto do projeto se insere em um contexto urbano em processo de transformação, rica em testemunhos históricos do período inicial de industrialização de São Paulo. O relevo desta região foi profundamente modificado por ocasião da retificação do Rio Tietê, implantação de ferrovias e plantas industriais com resultados variados, demandando, na readequação aos usos propostos pelo programa deste concurso, uma visão ampliada de patrimônio que possa contemplar o protagonismo da água como elemento de definição deste território.

Nossa proposta parte, portanto, da reconfiguração da paisagem tendo como horizonte a memória da várzea do Tietê atendendo às demandas de drenagem superficial e de captação e reaproveitamento destas águas e, ao utilizar a memória visual como elemento paisagístico predominante, o novo curso proposto ordena a ocupação da gleba, criando um parque que atende à demanda por áreas verdes e funciona como uma camada de mitigação dos efeitos nocivos causados pelas vias de alto fluxo que circundam a área. Seguem, o parque e suas águas, mediando a relação entre as quadras residenciais, equipamentos públicos e edifícios institucionais do programa. Deste desenho decorre uma configuração mais orgânica dos elementos do parque em contraposição à ordenação de caráter mais ortogonal das áreas residenciais.

Terceiro Lugar no Concurso Operação Urbana Consorciada Água Branca / DMDV arquitetos + 23 SUL Arquitetura + Rossi Barbosa Arquitetos Associados - Urbano
Cortesia de DMDV arquitetos + 23 SUL + Rossi Barbosa

A inserção da área na malha da cidade, sua costura no tecido urbano, se faz ao longo eixo de fruição pública que ordena a ligação entre os eixos de mobilidade constituídos pelo Apoio Urbano Norte e Apoio Urbano Sul por meio da passarela proposta , conectando a porção Norte da gleba objeto do concurso, conflui na região central da área com o eixo secundário que conecta com os outros conjuntos habitacionais existentes na região e atinge ao Sul a Avenida Marques de São Vicente . A opção pelo favorecimento ao transporte público e não motorizado, aliado à redução do volume de tráfego de veículos no interior da área ampara a decisão de alterar a malha viária proposta de forma a atender o programa desenhando um grande parque envoltório, e uma testada visualmente permeável ao eixo de mobilidade do Apoio Urbano Sul.

O PARQUE

A partir da confluência da ponte Júlio de Mesquita Neto e Avenida Marquês de São Vicente se organiza o parque compondo barreiras acústicas em painéis de concreto aliados à vegetação de grande porte abrigando o edifício do CEU e seu conjunto esportivo. Toda a margem do parque lindeira às vias de alto tráfego de veículos será tratada com maciços arbóreos de grande porte.

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Cortesia de DMDV arquitetos + 23 SUL + Rossi Barbosa

É neste contexto que o projeto paisagístico propõe modelar o terreno para abrigar as funções e assegurar as condições favoráveis à drenagem superficial, criando um sistema artificial de retenção temporária das águas da chuva e recuperando (por bombeamento, adução e armazenagem) parte do volume do córrego Agua Preta para viabilizar a manutenção do parque e facilitar a limpeza pública. Recria-se assim uma memória visual da água corrente, por meio de um córrego artificial alimentado pelas águas do Agua Preta e este se torna o elo de ligação entre as múltiplas funções do parque. A presença da água na gleba se dará tanto no córrego como na praça d’água, em depressões para retenção temporária das águas de chuva, canteiros drenantes, canaletas, e cisternas de água de cobertura. No ponto extremo do parque, junto à via marginal do Tietê, o projeto do parque refunda a experiência da fruição da margem do rio criando um balneário acessível pela passarela.

DENSIDADE URBANA

A escolha da densidade populacional adequada para a implantação foi determinante considerando-se que quanto maior a densidade de um assentamento urbano, maior é a eficiência no uso da infraestrutura instalada e maior tende a ser o potencial de convívio urbano nos espaços públicos devidamente qualificados. Adotou-se assim, a premissa de explorar o máximo potencial de adensamento possível para a área projetada.

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Implantação. Image Cortesia de DMDV arquitetos + 23 SUL + Rossi Barbosa

Entretanto, a relação entre altas densidades e aspectos urbanísticos positivos está sujeita a limites quantitativos, que, quando ultrapassados, tendem a prejudicar tanto a eficiência da infraestrutura, quanto a qualidade do uso dos espaços públicos. Esse ponto de saturação, estimado pelo cálculo de capacidade de suporte, fornecido pelo plano urbanístico da Operação Urbana Consorciada Água Branca prevê para o Setor A uma densidade populacional máxima de 125 hab./ha, o que corresponde a uma população total de 8.451 habitantes.

A densidade máxima possível para o bairro do Subsetor A1 corresponde assim ao diferencial de população necessário para atingir a densidade populacional pretendida para todo o Setor A. Considerando que a área (setor A) possui atualmente 1.696 moradores, o setor A1 teria uma população de 6.755 pessoas. Isso parece bastante pertinente se consideramos que o setor A2 será totalmente composto de áreas públicas livres, previstas por ocasião da devolução das áreas ocupadas hoje pelos clubes de futebol.

Para o perfil da população pretendida para o novo bairro (composto pelas faixas de renda de 0 a 3 e de 3 a 6 salários mínimos) considera-se uma média entre 3,5 e 3,7 moradores por domicílio (fonte: Plano Municipal de Habitação de São Paulo). O que leva a um total de unidades que varia entre 1.930 e 1.831 unidades habitacionais.

Essa proposta contempla um total de 1.869 habitações, o que corresponde a uma densidade bruta de 470 hab./ha para o Subsetor A1. Esse índice, embora consideravelmente alto para os padrões da cidade de São Paulo (cerca de 100 hab./ha) é razoável para o padrão de ocupação pretendido pela Operação Urbana, de acordo com o exposto acima.

Não basta garantir apenas índices quantitativos, mas sim criar condições para que haja relação de boa qualidade entre os espaços edificados e livres, condizentes com a apropriação do espaço público que se pretende.

QUADRA

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Cortesia de DMDV arquitetos + 23 SUL + Rossi Barbosa

Nas quadras residenciais o projeto propõe edificações de gabarito e arranjos variados que abrigam diversas tipologias residenciais, ordenadas de maneira a criar espaços internos configurando áreas de uso coletivo destinadas a quadras, playgrounds, espaços de ginástica e de convivência. Os espaços coletivos se isolam dos espaços condominiais por diferenças de nível. Toda a área condominial se organiza à um metro do perfil natural do terreno, o que confere privacidade às aberturas das unidades do pavimento térreo e cria uma divisão clara entre espaço público e privado, permitindo que os acessos às unidades habitacionais se deem sempre pelo interior da quadra. Os espaços coletivos internos se abrem à circulação entre-quadras oferecendo diferentes percursos, abrindo novas possibilidades de fruição pública. Às testadas de quadra voltadas aos eixos de circulação mais intensa de veículos foi dado o tratamento de fachada ativa estabelecendo espaços de ocupação comercial e de serviços. Note-se que os volumes de fachada ativa propostos garantem, em sua descontinuidade, a permeabilidade visual aos espaços coletivos das quadras residenciais, possibilitando diversos usos na área coberta como: extensão dos bares e restaurantes e locais para feiras cobertas.

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Planta do térreo. Image Cortesia de DMDV arquitetos + 23 SUL + Rossi Barbosa

OS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS

Para a construção das unidades habitacionais, buscou-se uma solução simples e pouco dispendiosa, com técnicas industrializadas de construção com grande disseminação no mercado de construção civil, para garantir diversas opções de empreiteiras no mercado aptas para a construção dos conjuntos no programa “Minha Casa, Minha Vida”, além otimizar prazos globais de obra. Por conta das características geológicas da região .Todo o embasamento será erguido do solo natural através de lajes e o porão resultante desse embasamento poderá ser utilizado para as dependências dos edifícios tais como: barrilete, registros, esgoto, alimentação, reuso e cisternas de coleta de água de chuva – e espaço para a infraestrutura das áreas públicas nos interstícios das quadras – cisternas para água de rega, poços de visita, e quadros públicos de fibra ótica, telefonia e elétrica.

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Diagrama construtivo. Image Cortesia de DMDV arquitetos + 23 SUL + Rossi Barbosa

Nos edifícios baixos – térreo + 4 pavimentos – as fundações previstas serão em estacas pré-moldadas de concreto e a estrutura em alvenaria estrutural de blocos de concreto, suportando vigas e lajes pré-moldadas. Os fechamentos sob as janelas serão feitos por placas pré-fabricadas em concreto leve com 2.55m de largura e duas variações de altura. As diferentes alturas marcam as janelas de dormitório, com 1,1m de peitoril; e as aberturas nos ambientes de estar, com 0,8m de altura, complementados até 1,1m por módulos de vidro fixo, garantindo a visibilidade externa para crianças e cadeirantes. As empenas de arremate dos edifícios lâmina serão construídas em peças pré-moldadas de concreto armado, complementadas por elementos vazados em artefatos de concreto leve para áreas de ventilação.

As torres altas- térreo +17 pavimentos- com fundação executada em estacas de hélice contínua, terão sua estrutura composta por um quadro de lajes, vigas e pilares (nas fachadas norte e sul) e nas caixas de elevador e escada –em estrutura pré-fabricada - com complementação em alvenaria estrutural na área das unidades.

A materialidade dos componentes será explorada ao máximo, compondo com peças industrializadas de concreto leve e cerâmica, nas cores amarela e ocre a paleta de cores que se complementará com a pintura em cores escuras das escadas enquanto as esquadrias contribuem com a cor cinza chumbo do alumínio.

OS EDIFÍCIOS INSTITUCIONAIS

Optamos pela implantação do edifício destinado ao CEU paralelo ao sistema viário, justaposto ao seu conjunto esportivo inserido no espaço do parque. Segue-se a implantação do edifício destinado ao CGMI na confluência entre as vias de tráfego intenso, Avenida Marquês de São Vicente e ponte Júlio de Mesquita Neto. A implantação do edifício destinado ao CGMI parte de um nível de subsolo na cota -1,50 e o pavimento térreo na cota +1,00 conforme o padrão adotado nas tipologias residenciais.

O edifício da UBS foi implantado também dentro da área do parque mas em posição diferenciada, relacionando –se diretamente com a via de retorno à via marginal do Tietê.

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Cortesia de DMDV arquitetos + 23 SUL + Rossi Barbosa

PASSARELA

Na passarela optamos por uma solução estrutural que viabiliza a mudança mínima de altura em relação aos níveis de acesso e à elevação necessária para vencer os 128mts. do vão central estabelecendo ao mesmo tempo um marco visual importante na paisagem da cidade. A passarela é composta por pilares de concreto que suportam estrutura metálica que absorve as tensões impostas pelos cabos que margeiam o tabuleiro misto de metálica e concreto. O piso da passarela será dividido em dois níveis, um para os ciclistas com 2,5 m. de largura junto à ponte Júlio de Mesquita Neto e outro para os pedestres com 4,0 m. de largura, voltado à paisagem do Rio com equipamentos propícios à fruição da paisagem. A diferença entre estes níveis será um duto para condução de cabeamento e infraestruturas diversas.

A passarela parte ao Norte sobrepondo-se ao leito da Rua Domingos Marchetti permitindo o acesso seguro dos moradores do conjunto Lidiane e arredores à porção Norte da área objeto do concurso. Neste terreno se encontram implantados área para bicicletário e um edifício para serviços de apoio ao usuário transpondo o leito do Rio e as duas pistas da via marginal do Tietê onde deriva seguindo no sentido Sul em direção ao eixo que conduz à avenida Marques de São Vicente e, no sentido Oeste, dando acesso aos equipamentos do parque e à UBS e sobrepondo-se a seguir ao leito da via de acesso à Marginal Tietê para terminar na rampa de acesso ao balneário e a ciclovia que faz a ligação com o parque linear.

Sobre este escritório
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Cita: Romullo Baratto. "Terceiro Lugar no Concurso Operação Urbana Consorciada Água Branca / DMDV arquitetos + 23 SUL Arquitetura + Rossi Barbosa Arquitetos Associados" 29 Jun 2015. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/769262/terceiro-lugar-no-concurso-operacao-urbana-consorciada-agua-branca-aum-plus-23-sul-plus-rossi-barbosa> ISSN 0719-8906

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