Light Matters: Aprendendo com janelas vernaculares

Antes dos computadores, simulações de iluminação natural eram usadas para otimizar a atmosfera e a energia nos edifícios, e gerações de construtores desenvolveram princípios simples para criar as melhores janelas para cada situação. Dois especialistas em iluminação estudaram essas tradicionais aberturas em edifícios visando encontrar inspiração para projetos atuais mais sustentáveis. Francesco Anselmo, designer de iluminação da Arup, e John Mardaljevic, professor de simulação de iluminação natural na School of Civil & Building Engineering da Loughborough University, analisaram as variações de sol e iluminação natural em latitudes que vão desde Estocolmo até o Haiti e Abu Dhabi.

Continue lendo para saber mais sobre a variedade de janelas tradicionais em cada região.

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Janela em Estocolmo, Suécia. Imagem © VELUX Group

Os longos dias de verão e as noites curtas são características dos países da Escandinávia. Durante o verão, proteções externas permitem que as pessoas durmam melhor, criando uma atmosfera noturna no interior das casas. Os baixos índices de iluminância, em comparação com regiões mediterrâneas ou tropicais, demandam aberturas que maximizem a iluminação natural nos ambientes internos. No entanto, pessoas necessitam de privacidade. Assim, as janelas são divididas em duas partes: a porção superior transparente permite a entrada do máximo de luz natural possível. Por sua vez, a porção inferior das janelas, com cortinas ou vidros translúcidos, impede a vista direta para dentro da casa. A arquitetura contemporânea também mostra uma variedade de conceitos que revelam a importância da iluminação natural em países nórdicos.

Janela em Londres, Reino Unido. Imagem © VELUX Group

O tempo nublado e chuvoso de Londres exige janelas que maximizam a luz. Janelas com aberturas sem vidro, que podem ser fechadas com madeira ou tecido, eram comuns na Europa antes do século XVI. Com o desenvolvimento da tecnologia necessária para a produção do vidro, janelas envidraçadas se tornaram mais acessíveis. O tamanho das janelas aumentou e a espessura do vidro diminuiu para otimizar a luz natural nos interiores, além disso, os peitoris eram pintados de branco para aumentar a reflexividade da luz no interior. As janelas salientes surgiram como uma forma especializada para intensificar a iluminação natural em diferentes estações e fazer os ambientes parecerem maiores.

Janela em Roma, Itália. Imagem © VELUX Group

A arquitetura mediterrânea responde com um sistema de sombreamento flexível para enfrentar as variações climáticas dos invernos frios e úmidos e verões quentes, secos e ensolarados. Buscando reduzir o ganho solar no verão e bloquear a insolação direta, janelas venezianas são instaladas externamente. Dispositivos internos aumentam a privacidade e suavizam o contraste causado pelo sol intenso.

Janela em Osaka, Japão. Imagem © VELUX Group

Em contraste à complexa sequência de camadas de sombreamento usada na Europa, o Japão desenvolveu uma estratégia com uma única camada para lidar com os problemas de iluminação natural. No entanto, com exceção da ilha de Hokkaido, ao norte, as condições climáticas no Japão são comparáveis às da região Mediterrânea. O estilo distinto com as telas translúcidas “shoji” deriva da tradição japonesa do contato com a natureza. Combinado com os verões quentes e úmidos, o risco de terremotos levou à criação de estruturas leves que permitem um escape rápido e opções simples de reconstrução. As tradicionais casas, como aquelas em Osaka, combinam paredes translúcidas com pesados painéis de madeira montados sob trilhos para criar fachadas flexíveis.

Janela em Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos. Imagem © VELUX Group

Uma trama delicada de madeira no Oriente Médio provou-se um elemento de sombreamento eficiente para locais secos e ensolarados como Abu Dhabi. Os muxarabís permitem a circulação contínua de ar no interior da edificação. A estrutura leve também reduz o ofuscamento quando se olha para fora e permite uma boa visibilidade para o exterior; contudo, quando visto de fora para dentro, os muxarabís impedem a visão do espaço interno. Deste modo mantém-se a privacidade na cultura árabe. Na arquitetura contemporânea esse tradicional elemento de madeira foi convertido em fachadas dinâmicas.

Janela em Porto Príncipe, Haiti. Imagem © VELUX Group

Em regiões tropicais os dias têm praticamente a mesma duração em todas as épocas do ano. O sol está geralmente "a pino" e apenas pela manhã ou final de tarde a luz solar direta penetra profundamente no interior das casas, fazendo necessário dispositivos de proteção ajustáveis. As casas no Haiti contam com uma zona de amortecimento - uma varanda ou balcão - para filtrar a incidência do sol e proteger os interiores das chuvas tropicais. Dois tipos de dispositivos de sombreamento permitem proteção contra o forte sol: elementos de cobertura com dobradiças horizontais e elementos na fachada dispostos verticalmente.

Para mais detalhes sobre janelas vernaculares, veja a análise completa feita por Francesco Anselmo e John Mardaljevic na edição 19 da revista Veluz Daylight & Architecture.

Light matters é uma coluna mensal sobre luz e espaço escrita por Thomas Schielke. Vivendo na Alemanha, Schielke é fascinado por iluminação na arquitetura e trabalha para empresa de iluminação DIAL. Thomas já publicou numerosos artigos e foi co-autor do livro "Light Perspectives". Para mais informações visite o site www.arclighting.de ou siga-o em @arcspaces

Sobre este autor
Cita: Thomas Schielke. "Light Matters: Aprendendo com janelas vernaculares" [Light Matters: Learning From Vernacular Windows] 16 Abr 2015. ArchDaily Brasil. (Trad. Baratto, Romullo) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/765300/light-matters-aprendendo-com-janelas-vernaculares> ISSN 0719-8906

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