Do Siza para Nadir: a arquitectura é uma arte / Álvaro Domingues

Quando nos lameiros do Tâmega o gado ruminava nos prados, não se imaginaria que aí se pudesse erguer esta poesia branca, uma rigorosa geometria em betão pousada sobre uma sequência de finas paredes-lâmina que a levantam do chão e a defendem das águas se a enchente do rio galgar as margens. À volta, os muros toscos e as ruínas de casas de gados e gente ecoam o mundo que houve e que aí fica como memória de tempos e de outros trabalhos e dias; as nogueiras, as macieiras ou as figueiras completam essa atmosfera-paisagem a que um certo artista dizia estar preso por hereditariedade transmontana.

O Nadir Afonso na sua tese de final de curso dizia que a arquitectura não é uma arte. Pode ser que a maior parte não seja! Se Siza Vieira apenas soubesse ou quisesse proteger a pintura de Nadir, bastava que cuidasse que não lhe chovesse em cima e que o sol não lhe desbotasse as tintas. Mas não…, pois não só espalhou formas elementares de círculos, triângulos e quadrados no labirinto das lâminas – um jogo de leis nos espaços que estão na natureza e no espíritos dos homens, dizia assim Nadir da emoção artística -,  como lhe dedicou uma obra de arte que é um espectáculo de plenitude, de exactidão, de absoluto. Não tarda nada e a harmonia matemática do Nadir virá aqui habitar com todas as suas cores e espaços ilimitados…

Sobre este autor
Cita: Álvaro Domingues. "Do Siza para Nadir: a arquitectura é uma arte / Álvaro Domingues" 24 Fev 2015. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/762742/fundacao-nadir-afonso-nil-chaves-de-aproximacao-alvaro-domingues> ISSN 0719-8906

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