O que torna uma cidade caminhável?

Caminhar por um bairro que tenha parques, comércios e serviços próximos uns dos outros é sem dúvida uma atividade mais agradável que andar por regiões onde esses programas e usos se encontram menos adensados.

Dentre os fatores que influenciam nisso, segundo um estudo da Universidade de British Columbia, estão o desenho do espaço urbano, o acesso aos transportes públicos, a densidade populacional e as leis de zoneamento, que mudam de um município para outro.

Na pesquisa foram comparadas duas regiões do estado de Washington com o objetivo de observar onde a experiência urbana se mostrava mais agradável. Foi incluída na pesquisa, também, a medição feita pelo Walk Score, um site que pontua os índices de caminhabilidade das regiões, tomando como base, entre outros fatores, os deslocamentos a pé, de bicicleta e em transporte público.

Veja os resultados a seguir.

Segundo a pesquisa, a experiência de caminhar um quilômetro e meio em Phinney Ridge, um bairro no centro-norte de Seattle, e caminhar a mesma distância em Bellevue, uma cidade satélite de Seattle, são bastante diferentes.

Isso acontece pois o primeiro apresenta vários parques, lojas e serviços próximos uns dos outros, enquanto o segundo conta apenas com pequenas praças, distantes umas das outras, e algumas poucas lojas e serviços.

Essa característica é, em parte, explicada pelo traçado urbano de Phinney Ridge - um desenho em grelha que condensa todas as atividades - enquanto Bellevue não possui nenhuma área urbana definida e apresenta, além disso, muitas ruas sem saída que prejudicam os deslocamentos, afetando a acessibilidade e eficiência do traçado.

As linhas azuis no mapa de Phinney Ridge representam os lugares próximos, a menos de um quilômetro e meio do centro – ou da estrela –, que conectam bairros residenciais e de serviços com parques e comércios.

Mapa de distâncias caminháveis em Phinney Ridge. Fonte: Instituto Sightline

Ao medir este bairro no Walk Score, o resultado obtido foi "muito caminhável", alcançando 80 de 100 pontos. Na mesma escala o transporte público recebeu 48 pontos, enquanto que a bicicleta atingiu 72 pontos.

Mapa de Phinney Ridge é "muito caminhável". Fuente: Walk Score.

No mapa de Bellevue a situação é muito diferente; são reduzidas as opções de deslocamento a pé no centro da cidade e a maioria dos parques está a mais de um quilometro e meio de distância uns dos outros. Além disso, a maior parte dos estabelecientos comerciais se encontra longe do centro.

Mapa de distâncias caminháveis em Bellevue. Fonte: Instituto Sightline

No Walk Score essas deficiências de Bellevue foram refletidas na pontuação da região, que foi classificada como "um pouco caminhável" (51 de 100 pontos), com 54 pontos no transporte público e apenas 39 no transporte cicloviário.

Mapa Belleveu "um pouco caminhável". Fonte: Walk Score.

No entanto, os pesquisadores de Columbia explicam que as malhas urbanas quadriculadas não são o modelo mais eficiente; se tomarmos o exemplo de algumas cidades europeias, muitas delas apresentam malhas circulares.

Na realidade, o que potencializa os deslocamentos é a alta densidade dos bairros combinada com ruas e avenidas bem conectadas e com um bom sistema de transporte público.

O estudo também mostrou que as leis de zoneamento são responsáveis por determinar se uma cidade apresenta ou não lugares atraentes próximos uns dos outros, o que se comprova pela coexistência de bairros que recebem bem os pedestres, e outros que são voltados para os automóveis.

Via Plataforma Urbana. Tradução Maria Júlia Martins, ArchDaily Brasil.

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Sobre este autor
Cita: Constanza Martínez Gaete. "O que torna uma cidade caminhável?" 12 Ago 2014. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/625380/o-que-torna-uma-cidade-caminhavel> ISSN 0719-8906

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