Escola Francisco de Arruda / José Neves

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Trata-se de uma intervenção realizada no âmbito do “Programa de Modernização das Escolas” promovido pela Parque Escolar sobre uma escola projectada originalmente pelo Arquitecto José Pedroso em 1956.

Os três corpos que constituem a escola implantam-se sobre a encosta na continuidade da Tapada de Agronomia, sobranceira ao bairro de Alcântara.

O edifício original organiza-se em torno de um pátio central, distribuído por três plataformas, modeladas pragmaticamente sobre a encosta, e é constituído por três corpos com funções próprias – aulas,  administração e recreio coberto, ginásio e refeitório, oficinas – ligados entre si através de galerias exteriores cobertas. Estes corpos, com volumetrias muito diferentes,  tomaram-se como se tivessem sido construídos ao longo do tempo, fazendo um bocadinho de cidade. O nosso projecto prossegue serenamente esse processo.

Relativamente aos espaços exteriores, de dimensões invulgarmente generosas, sublinha-se a continuidade da vegetação da Tapada através de novas plantações, de modo a enfatizar o sentido de jardim público do conjunto. A escada que se abre, desfazendo um cul-de-sac existente, para ligar o pátio central ao antigo pátio das caravelas, na plataforma superior, ou a ligação que se faz, directa, abrigada e à cota do do pátio central, entre a nova biblioteca e os campos desportivos através do recreio coberto, são transformações que enfatizam também esse sentido e marcam profundamente o dia-a-dia da escola.

Por outro lado, o conjunto original é restaurado e adaptado a necessidades novas, através das mínimas intervenções possíveis na sua forma exterior e nos acabamentos dos espaços interiores.

Finalmente, juntam-se três novas presenças:

• a) um corpo longo com dois pisos completa o desenho do pátio central e oferece-se, depois de um curto caminho através do jardim, como nova entrada da escola. Projectado, ao longo do pátio, como uma galeria pública de encontro e estadia – como uma stoa abrigada – este corpo contém, no piso térreo, a biblioteca e, no piso superior, os laboratórios, que olham, a Nascente, as hortas da escola, a Tapada e a cidade;

• b) os balneários, constroem-se sob o antigo Pátio das Caravelas entre o ginásio existente e o novo campo desportivo coberto que se implanta numa das plataformas mais altas do terreno;
• c) o átrio principal original, nunca utilizado, é agora átrio de um pequeno salão nobre polivalente, desenhado como um pavilhão de jardim, a que a população da escola chama “cubo mágico”.

Perante a beleza da implantação original da Escola Francisco de Arruda, mais uma vez, as palavras directas e evidentes de João dos Santos serviram como estímulo maior para o projecto: “O que é importante na educação, antes de mais, é o ambiente natural e esteticamente harmonioso em que ela se processa.”