Fotografia e Arquitetura: David Frutos

Esta semana na nossa série Fotografia e Arquitetura, queremos apresentar David Frutos, espanhol que começou fotografando maquetes para as entregas de estudantes de arquitetura e finalmente se dedicou de maneira profissional e bem sucedida a fotografia da arquitetura construída, caracterizada por obras de qualidades.

Na continuação os deixamos com uma seleção de suas melhores imagens e uma breve entrevista.

© David Frutos

Quando e como começou a fotografar arquitetura?

Meus primórdios com a fotografia de arquitetura são frutos de ter a fotografia como hobby e da convivência casual com estudantes de arquitetura no meu apartamento em Madrid. Primeiro comecei fotografando suas maquetes para entregas, depois fotografei as de seus amigos e finalmente quando viraram arquitetos me dediquei a fotografar seus edifícios. Poderia dizer que o processo foi o mais lógico. Estou completamente profissionalizado na arquitetura desde 2006, aproximadamente.

© David Frutos

Você é arquiteto?

Não. Sou licenciado em Ciências da Informação pela Universidad Complutense em Madrid.

© David Frutos

Por que você gosta de fotografar arquitetura?

A arquitetura através dum ponto de vista fotográfico combina muitos desafios para o fotógrafo: por um lado existe uma visão documentalista fundamental que te obriga a ser muito acadêmico, rígido. Às vezes, de uma forma delicada e eu sempre me sinto muito confortável quando trabalho nestas condições.

Por outro lado esta contribuição sutil do fotógrafo que interpreta a obra do arquiteto e compõe novas imagens a partir de formas já compostas, o que em muitas ocasiões descobre, nos edifícios, imagens inéditas, desconhecidas até mesmo para o arquiteto e isto é o que poderíamos chamar de processo criativo no nosso ofício.

© David Frutos

Neste processo criativo nós fotógrafos de arquitetura devemos ser muito cautelosos, passar da interpreção que é descrita à manipulação é muito fácil, muitas vezes edifícios são fotografados de tal maneira que podem chegar a ser irreconhecíveis. Quando manipulas uma obra, na realidade o que estás fazendo é se apropriar de algo que não é seu. Por isto, é muito importante através do meu ponto de vista não esquecer que o fotógrafo deve ao arquiteto como veículo de informação e o cuidado é fundamental na nossa profissão. A rigidez da técnica fotográfica de arquitetura, a luz disponível, o contexto, as pequenas cenografias são por si mesmo suficientes para criar boas fotos artisticamente válidas e compatíveis com o zelo documentarista da fotografia de arquitetura.

© David Frutos

Arquiteto favorito?

É uma pergunta muito complicada, há tantos… Herzog & De Meuron, Kahn, Rem Koolhass… e uma grande lista de evidentes, no entanto mais que os arquitetos, gosto é de suas obras. Minha lista varia segundo o que vejo.

© David Frutos

Obra favorita?

Caixa Fórum em Madrid, talvez porque vou muito e ainda desfruto como o primeiro dia. Mas além de tudo isso eu tenho uma predileção especial pela arquitetura de baixo custo, me fascina como muitíssimos arquitetos anônimos com recursos ridículos são capazes de fazer arquitetura que proporcionalmente são de uma qualidade equiparável às arquiteturas mais “midiáticas”.

© David Frutos

Como você trabalha? (independente? com revistas, arquitetos? viajas?)

Eu creio na “democratização” da fotografia de arquitetura. A fotografia de arquitetura historicamente esteve ao alcance de poucos estudos, muitos não podiam se permitir uma reportagem, outros acabaram comissionando reportagens de baixíssima qualidade (impossíveis de publicar) e outros simplesmente não fotografavam seus edifícios (às vezes obras estupendas) que nunca tiveram repercussão alguma.

© David Frutos

Além de fotografar projetos de arquitetos reconhecidos, muito publicados, faço grandes esforços em fotografar “pequena arquitetura”, “primeiros projetos”, obras que merecem ser fotografadas, mas que enfrentam o problema de que evidentemente os recursos para cobrir reportagens são limitadíssimos, pois sabemos que tradicionalmente a fotografia de arquitetura de qualidade foi e é cara. Portanto quando encontro um destes “miniprojetos” sempre proporciono ao arquiteto fotografias de grande qualidade e nunca penso num benefício imediato, penso em fazer o melhor possível meu trabalho para que o arquiteto seja conhecido com minhas fotos e assim o antes possível o encarreguem de obras de grande arquitetura e grandes orçamentos, graças a isto consigo uma grande fidelidade.

Sempre tem que se pensar que o estudante de arquitetura que faz a reforma da casa de seus pais e que não cobra nada por isto, no futuro desenhará hospitais e centros culturais.

© David Frutos

Minha clientela se compõe principalmente de estúdios de arquitetura e revistas especializadas. Parte do que faço é me colocar em contato com os dois.
Uma parte fundamental de meu trabalho é distribuir e tentar publicar minhas reportagens em revistas nacionais e internacionais, este trabalho produz um efeito duplo: por um lado a difusão mais generalizada da obra dos arquitetos e por outro, reforça meu prestígio como fotógrafo ao produzir uma relação estúdio/fotógrafo que faz mais fluída as estratégias de publicação e, portanto nos conhecemos um ao outro.

Nestes momentos esta estratégia tem sido reforçada pelo lançamento junto com outros dois fotógrafos (Jesus Granada e Hector Santo Díez) da plataforma www.bisimages.com que supõe um grande avanço na Espanha na relação que os meios possuem com a fotografia de arquitetura.

 

© David Frutos

Quais equipamentos e software você usa?

Sempre pensei que o importante era investir pesadamente em tecnologia de câmeras e lentes. Esta especialização em materiais exclusivos para este ramo de fotografia era fundamental para cumprir várias funções: por um lado me diferenciar frente a outros fotógrafos quanto aos meios, por outro conseguir altas cotas de qualidades para conseguir a excelência técnica como fotógrafo e finalmente apostar por meios de qualidade que te oferecem possibilidades expressivas, compositivas e estéticas muito superiores a equipamentos mais acessíveis.
Por esta razão trabalhei com câmaras de grande formato (chapas 4×5 polegadas) no meu tempo fotoquímico e agora trabalho com sua equivalente digital em qualidade.

Gosto de descrever minha filosofia empresarial como uma união da fotografia mais tradicional com um pano e tripé com a tecnologia que me oferece as bases digitais e lentes ópticas de enormes círculos de imagem.

© David Frutos

Sobre este autor
Cita: Victor Delaqua. "Fotografia e Arquitetura: David Frutos" 11 Jun 2012. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-53423/fotografia-e-arquitetura-david-frutos> ISSN 0719-8906

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